Palavras de abertura, IV Congresso da REBRAC, Oxford/online, março de 2021

Compartilhamos com vocês as falas que deram início ao IV Congresso da REBRAC, pelo Zoom, em março de 2021.

Fala de Stephanie Dennison, da Universidade de Leeds, pela REBRAC

Em nome da rede REBRAC eu gostaria de lhes dar as boas-vindas para esta nossa quarta conferência. Welcome, e como hoje é dia de São Patrício, failte. Meu nome é Stephanie Dennison, sou da Universidade de Leeds, na Inglaterra, e sou membra fundadora e uma das coordenadoras da rede REBRAC junto com mais duas brasilianistas, Sara Brandellero, da Universidade de Leiden na Holanda e Tori Holmes, de Queen’s University na Irlanda do Norte.

A Rede Europeia de Brasilianistas de Análise Cultural (REBRAC) foi lançada em 2015 para fornecer um espaço para pesquisadores que trabalham em estudos culturais brasileiros no Reino Unido e na Europa continental.  REBRAC tem como finalidade providenciar oportunidades para compartilhar pesquisa e ideias, além de oportunidades para aumentar a visibilidade do próprio perfil como pesquisador/a e visa possibilitar e fortalecer contatos e colaborações entre brasilianistas na Europa e no Brasil. Quero convidar todos os membros da rede e os participantes da conferência a uma reunião hoje às 5:30pm para falar da rede, saber mais do nosso trabalho, planos para o futuro, etc. Podem também consultar nosso website rebrac.net, para mais informações sobre a rede.

Tori e Sara e eu criamos a rede, na qual trabalhamos voluntariamente e sem fundos, com um certo espírito de colaboração e camaradagem, e foi neste espírito que a Claire Williams, professora de Estudos Brasileiros da Universidade de Oxford, aceitou nosso pedido de organizar a conferência de 2020. Estávamos procurando uma pessoa inteligente, esperta, eficiente e simpática para organizar a quarta conferência: so podia ser Claire!

Sei que Claire e sua equipe em Oxford, o Gui e a Georgia, quando escolheram o tema da conferência: país do futuro e futuro do país, nunca imaginaram que o Brasil fosse ter que lidar com mais um desafio enorme: a atual pandemia. Mas, enfim, o tema ficou sendo mais urgente ainda para debater. E na nossa compreensão, os estudos culturais, e principalmente a medida em que dialogam com outras disciplinas, tem muito que contribuir para responder às grandes questões. Os estudos culturais não são apenas window-dressing, como diríamos em inglês, aquele enfeite que se faz nas vitrines das lojas. Não servimos para enfeitar o trabalho sério das ciências políticas, economia, etc. Isso se vê claramente na pesquisa que a rede já publicou, e cito aqui a publicação mais recente que é este livro da editora Routledge, inspirado na terceira conferência REBRAC que teve lugar em Copenhague e cujo tema era Legalidades e ilegalidades. Conta com contribuições de sociólogos, antropólogos, pesquisadores da área de literatura, de cinema, e tem até alguns nomes bem conhecidos aqui: Jean Wyllys e Marcia Tiburi por exemplo.

Bom, sabemos dos desafios com os quais todos nós estamos lidando no momento e por isso somos muito gratas a todos os nossos participantes, os palestrantes, mediadores de painéis, nossos convidados especiais, os jornalistas Ricardo Senra e Consuelo Dieguez e os diretores Jane de Almeida e Gabriel Mascaro que estará com a gente na sexta feira para a exibição de Divino Amor. Enviei hoje de manhã um link para todos vocês participantes para um evento social online amanhã às cinco. E se algum membro da rede estiver assistindo à conferência como ouvinte e quiser participar do evento social, peço que entrem em contato comigo por email e mando o link.

Antes de passar a palavra para Claire falta agradecer à Universidade de Oxford por patrocinar este evento, e agradecer mais uma vez a Claire, Gui e Georgia pela organização maravilhosa. Desejamos a todos vocês uma excelente conferência. É isso!

Fala de Claire Williams, da Universidade de Oxford, pela comissão organizadora

Good afternoon everybody! Bom dia aos colegas no Brasil! Bem vindos ao Colóquio Brasil: O País do futuro, o futuro do país, quarto colóquio internacional da Rede de pesquisa e colaboração REBRAC. Queria dizer algumas palavras sobre a evolução do evento, acabando com algumas informações práticas.

O Passado: durante o terceiro colóquio da REBRAC, em Copenhague, em Dezembro de 2018, aceitei o desafio de organizar o próximo evento. Decidi, com meus colegas Gui Perdigão e Georgia Nasseh, que o tema teria que ver com o futuro, porque o presente nesse momento era difícil de encarar e porque tínhamos reparado que produtores de cultura estavam trabalhando com futuros, possibilidades e potencialidades.

Em 1941, Stefan Zweig declarou o Brasil o “país do futuro”, uma previsão que é lembrada regularmente sempre que o lugar do Brasil no cenário mundial parece começar a mudar. Escritores brasileiros sempre dialogaram com o futuro, desde Machado de Assis, Aluísio de Azevedo e Monteiro Lobato, até os mundos imaginados por Roberto Sousa Causo e Nelson de Oliveira, entre cada vez mais. Surgiram vozes feministas, como a de Lady Sybylla, romances afrofuturistas, e novos subgêneros como cyberagreste, sertãopunk,amazofuturismo. De maneira análoga, cineastas tentaram retratar um futuro Brasil: do experimento cinemanovista Brasil Ano 2000 (1969), de Walter Lima Jr., até os Brasis distópicos criado por Gabriel Mascaro e Kleber Mendonça Filho, entre outros, e na série 3%, primeira produção brasileira original da Netflix. 

Nosso objetivo era analisar como os brasileiros olharam adiante em momentos do passado, além de considerar como os brasileiros de hoje enxergavam o futuro. O que isso significava para as vidas diárias dos brasileiros? Que valores morais ou éticos estavam em jogo? O que preservar agora para o beneficio de futuras gerações? As previsões do passado se realizaram? Ficamos muito felizes ao receber resumos dos quatro cantos do Brasil e de vários países europeus, sobre tópicos interdisciplinares representando a cultura no sentido mais amplo: música, literatura, cinema, antropologia, história, história de arte, mídia, jornalismo. 

Em março de 2020, tudo estava preparado para receber os participantes em Oxford. E aí aconteceu algo que parecia ter saído de um filme de ficção-científica: fomos obrigados a cancelar por causa de uma pandemia global. Lembro de ter conversado com uma participante sobre a possibilidade de usar um programa chamado Zoom – eu nunca tinha ouvido falar. Um ano mais tarde, conheço muito bem, demasiado bem.

O Presente: Decidimos continuar com o colóquio com a pena de não nos encontrar ao vivo, mas determinados a tirar proveito duma situação de isolamento e confinamento. A tecnologia nos permite dialogar, sem máscara, e trocar ideias, e estarmos juntos, numa sala virtual, apesar de estarmos separados físicamente. Agradecemos a prestabilidade de colegas tentando reconciliar as responsabilidades profissionais e pessoais com a presença neste colóquio. Sabemos muito bem que as circunstâncias para estudantes, pesquisadores, professores universitários e profissionais da cultura no Brasil não são nada fáceis neste momento e queremos mostrar a nossa solidariedade. 

O Futuro: Nos próximos dias teremos o prazer de ouvir cerca de vinte pesquisadores que apresentarão o seu trabalho. Cada comunicação será de 20 minutos, ouviremos as comunicações primeiro e depois haverá tempo para debate: pedimos para fazer as perguntas no chat. Estejam à vontade para escrever em inglês ou em português. Organizamos o programa com uma pausa entre cada painel – se fosse ao vivo seria a hora do chá. Não precisam sair da reunião Zoom nestes momentos-pausa; até seria melhor ficar ligado, com a câmera e o microfone desligados, para evitar aparições repentinas, que possam interromper uma comunicação.

Podem consultar o programa através do site da REBRAC. É preciso se inscrever para cada dia em separado: os links estão também no site. 

Só faltam os agradecimentos: Thanks so much to Anbara Khalidi and her team at TORCH for all the help and support with this event. Eu queria agradecer aos participantes pela paciência e boa vontade. E sobretudo agradeço aos co-organizadores, meus queridos colegas Gui Perdigão e Georgia Nasseh, e o comitê de REBRAC: Steph, Sara and Tori, pela ajuda e apoio contínuos. 

(Crédito da foto: Pixabay)

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